Uma pesquisa revela algo que pode parecer senso comum, sem muitas novidades, mas não é: universitários se preocupam mais consigo do que com a sociedade. Informação esta que suscita várias polêmicas.
Quem é ou já foi estudante universitário sabe bem como é a correria do dia a dia de estudos, trabalhos, estágios, mais estudo, mais trabalho… que tiram nosso sono (literalmente) e muitas vezes nossa vida social. E com toda essa correria é de se imaginar que sobre muito pouco, ou nada, de tempo para se dedicar ao auxílio ou desenvolvimento de um projeto social. Logo, estão perdoados.
O verdadeiro problema é cursar uma graduação superior, que implica em acesso a conhecimento, e não se importar com o outro. Não querer fazer nada para melhorar a condição de pobreza do país. Achar que o problema não é seu. Que a falha é toda do governo. Que você não pode fazer nada. Que as pessoas passam por necessidades básicas de sobrevivência porque querem, porque são vagabundas. Isso sim é um problema.
Porque quando esse cidadão concluir a graduação ele pode ter que prestar algum tipo de serviço a essas pessoas menos privilegiadas, ser um formador de opinião ou até mesmo um governante. E como será que esse “profissional ” vai tratar essas pessoas? Com dignidade? Vai conseguir respeitá-las? Ou apenas vai ter na ponta da língua um discurso pronto de “dane-se os direitos humanos”.
Esses são questionamentos duros, mas necessários de serem feitos. Porque o universitário pode até não ter tempo de participar de uma ação social durante o período de estudos, mas um dia ele se forma e pode dar sua contribuição para a construção de uma sociedade mais justa. Seja como voluntário ou como um profissional que, pelo menos, respeita o ser humano.
Não deixem de ver os detalhes dos interessantes dados divulgados pela pesquisa na matéria da GIFE:
Universitários se preocupam mais consigo do que com a sociedade
Pesquisa realizada com 17 mil jovens com idades entre 16 e 30 anos, de 34 países e cinco continentes, mostrou que eles andam mais preocupados com seu progresso pessoal do que propriamente em contribuir com a vida em sociedade. Os dados, apresentados durante encontro da Federação Internacional de Universidades Católicas (Fiuc), realizado no fim de julho, apontaram certo grau de individualismo, em especial, nos países mais desenvolvidos.
O levantamento sobre o perfil de estudantes, que tem como bases instituições de ensino superior católicas, ainda está em suas primeiras impressões, mas já ilumina aspectos centrais das preocupações do segmento. Quando questionados sobre quais os cinco aspectos mais importantes em suas vidas, o mais citado, com 94%, foi a família, seguidos de: estudos (44%), amigos (43%), parceiro (33%) e futuro (27%). Os cinco menos escolhidos foram religião (21%), trabalho (19%), lazer (6%), país (5%) e política (1%).
Outra questão, que aponta para individualismo, tratou sobre os projetos que os universitários gostariam de conquistar nos próximos 15 anos. Ter um bom trabalho (62%), formar uma família (45%), fazer pós-graduação (41%) e ganhar dinheiro (30%) são os mais escolhidos. Os menos citados são: trabalhar para uma sociedade mais justa (8%), envolver-se em projeto social (5%), participar de grupo religioso (3%) e atuar em grupo político (2%).
Em relação aos papel das instituições, os estudantes mostraram-se céticos ao pontuar a maioria delas. O item que recebeu maior nota, de zero a seis, foi o das instituições educacionais, com 4,1. Em seguida, aparecem as instituições religiosas, com média 3,7, empatada com as organizações não governamentais e bancos. As três piores notas foram dadas para a polícia (2,8), para os governos (2,3) e para os políticos (1,9).
Dentre as principais razões apontadas pelos pesquisados para ingressar na universidade, 91% escolheram a necessidade de conquistar um trabalho. Os outros itens mais citados foram: gosto pelo estudo (43%) e vontade de obter uma melhor posição social (25%). Apenas 18% citaram a necessidade de ser útil à sociedade.
De acordo com a socióloga responsável pela pesquisa e professora do Instituto Universitário Ortega y Gasset, da Espanha, Rosa Aparicio Gómez, os países mais desenvolvidos são os que menos têm interesse pelo social. Com base no estudo, os africanos expressam mais essa preocupação, já os europeus menos. Já os estudantes da América do Sul estão em um meio termo.
A matéria original pode ser encontrada aqui.